O primeiro dia da nossa viagem foi o dia da arte. O primeiro ponto para onde iríamos, era a ocupação na rua José Bonifácio. Saímos da Móbile, fomos em direção a Santo Amaro para pegar o ônibus, que tinha como destino o terminal Bandeira, direção centro, e dali seguimos para a rua José Bonifácio. Na ocupação, descobrimos que os donos desses prédios, por quererem ter mais capital, se utilizavam deste para consegui-lo sendo que não havia um uso prático. Por conta de não ter esse uso, o dono e a prefeitura aceitaram que o grupo, FLM (Frente de Luta por Moradia) interditasse e tomasse controle desse prédio, por que ainda que a ideia fosse ter um grande capital, o edifício tinha uma grande dívida por não estar em uso. Lá dentro, o uso dos banheiros é coletivo, e todos trabalham em comunidade para a cozinha e para algum problema que o prédio tenha, através do conhecimento prévio de cada um deles. Além disso, cada pessoa tinha um quarto de 3,5mX3,5m, no qual poderiam utilizar os produtos de água e luz por uma média de R$100,00 a R$150,00 por mês. Caso alguém tivesse algum problema com o pagamento, poderia pagar no outro mês, as únicas exigências que a pessoa tinha para morar nessa ocupação era não fumar maconha e trabalhar em comunidade. Em seguida, seguimos para os arcos da Vinte e três de Maio, aos quais chegamos pela estação Anhangabaú, na estação vermelha, e seguimos para a Liberdade, linha Azul. Em seguida, fomos ao SESC Pompéia, onde fomos almoçar e ver a exposição da Marina Abramovic, mas além de fazer isso também entramos no galpão do SESC e lá estava havendo uma exposição na qual podíamos fazer tudo desde que não destruíssemos nada, mas logo começou uma guerra de tinta e todos ficaram pintados. Resolvemos seguir pintados até o beco do Batman e a exposição de A7MA (ambas na Vila Madalena), que trouxe a questão do que seria grafite de verdade; aqueles que eram pintados na rua ou aqueles que eram expostos em galerias? À noite, quando chegamos no hotel, cada um foi fazer a sua oficina, a minha era de Parkour, onde foi uma experiência incrível, mas rigorosa no quesito de habilidade.

Grafite do Beco do Batman.

Grafite do Beco do Batman.

Faixa do grupo(Frente de Luta por Moradia).

Foto do grupo pintado no A7MA.

Escultura do A7MA.

Grafite do A7MA.

Grafite na região da Vinte e Três de Maio.

Grafite na região da Vinte e Três de Maio.

Grafite na região da Vinte e Três de Maio.

Grafite da região a Vinte e Três de Maio.
O segundo dia foi o dia da Mobilidade Urbana (da bike). Começamos no centro da capital, onde estávamos hospedados e seguimos até a CET (Centro de Treinamento e educação no Trânsito), na rua Barão de Itapetininga, onde recebemos informações a respeito de como funciona a legislação de Bicicleta, suas principais regras e suas principais placas de sinalização. Em seguida, fomos até um restaurante de comida vegetariana, Alternativa Casa do Natural, que fica na rua Fradique Coutinho. Embora tenha sido uma refeição bem curiosa, não foi muito farta. Durante o nosso percurso até o restaurante percebemos que mesmo que haja um grande número de ciclofaixas e ciclovias, ainda é bem pouco para uma pessoa que tem que trafegar um longo percurso de bicicleta. E, além disso, o quanto os carros são desrespeitosos, quanto a questão da bicicleta, por ainda apresentar esse pensamento individualista, que está presente na cultura brasileira. Depois do almoço, seguimos em direção ao Parque do Povo, para conhecermos a necessidade da criação do Instituto Aro Meia Zero, no sentido de defender e ser um meio de incentivação da bicicleta para o transporte das pessoas de maneira geral. Em seguida, fomos no Teatro Vento Forte, no Parque do Povo, um teatro que tinha como intenção educar as crianças sobre a lógica teatral e que era bastante utilizado como um centro cultural voltado para a população, mas que acabou virando um lugar com um aspecto de que foi abandonado. Por estar chovendo no dia, não foi possível andar na ciclofaixa da Marginal, por isso voltamos direto para o hotel. À noite, tivemos um Sarau que ocorreu na Cia do Feijão, no centro da cidade.
Nosso terceiro dia, foi o dia do roteiro surpresa. Foi uma espécie de caça tesouros ao redor da cidade. A primeira pista tinha o seguinte enunciado: “Nessa rua houve uma famosa batalha entre dois grupos rivais. Houve uma morte. A década era a de 1960. Que batalha foi essa e quais foram os seus motivos? A próxima pista estará no berço do conhecimento ocidental.” Além dessa pista era nos dado uma imagem que fazia parte do local.
Os acontecimentos que nos levaram até o local serão mostrados no vídeo do desafio. Na década de 60, um conflito causado por diferenças políticas ocorreu na rua Maria Antônia (em frente ao Mackenzie). Integrantes da USP, caracterizados por terem uma ideologia mais esquerdista, entraram em um confronto com estudantes da faculdade do Mackenzie, mais direitistas (sendo que vários deles simpatizavam com a ditadura militar da época). Esse evento ocorreu no dia 3 de outubro de 1968 por conta dos estudantes da USP cobrarem dos mackenzistas a parte desses na União Nacional dos Estudantes. Irritados, os alunos do Mackenzie resolveram jogar um ovo podre que acertou uma aluna da USP que estava no pedágio. Os alunos da USP, em resposta, jogaram pedras e tijolos nos mackenzistas, e assim começou uma batalha entres eles. Com tiros, coquetéis molotov, foguetes e rojões, o confronto foi tão violento que teve uma morte.
A segunda pista tinha o seguinte enunciado: “Nesse local ocorreu uma invasão na década de 1970. Quais foram os motivos dessa invasão, que fez o bispo Dom Paulo Evaristo Arns proferir a seguinte frase: ‘ aqui só se entra prestando exame vestibular, e só se entra para ajudar o povo e não destruir as coisas.’ A próxima pista está na base de um símbolo divino.”
Descobrimos que no ano de 1977 estudantes se reuniram na PUC (3º Encontro Nacional de Estudantes), e tinham como principal objetivo reorganizar a União Nacional dos Estudantes, que tinha sido proibida, alguns dias antes, por autoridades de um governo opressor, que muito provavelmente tinham medo que os estudantes se engajassem e tentassem iniciar uma revolução contra o governo ditatorial. Os policiais descobriram o ocorrido e invadiram a faculdade de uma forma muito violenta, queimando diversos documentos e agredindo alunos e professores.
A terceira pista tinha o seguinte enunciado: “Nesse local jovens se reúnem diariamente das 9h às 21h. O local foi construído pela prefeitura em um terreno que foi utilizado como canteiro de obras do metrô. Esse local mistura arte e esporte. Esse local tem o nome da primeira-dama do ex-governador de São Paulo, Laudo Natel. Para pegar a próxima pista tire uma foto com um usuário do parque e poste em seu blog(faça uma legenda para a foto).
Por falta de tempo, resolvemos apenas planejar o que iríamos fazer para pular para a pista 4. Mas o local a qual a pista se referia era o parque Zilda Natel que, situado na confluência da Rua Cardoso de Almeida e Avenida Dr.Arnaldo, foi inaugurado em 15/2/2009 e tem o horário de funcionamento das 9h às 21h. Ele é conhecido popularmente como “parque do skate”, por isso é um lugar frequentado por jovens, entre eles skatistas.
A quarta pista tinha o seguinte enunciado: “Nesse local já se pôde ver toda a cidade e é uma referência importante para a cidade de São Paulo. Ele foi concebido por um húngaro que estudou na Itália. Alguns partidos políticos como PPR, PCB e UDN tiveram suas sedes lá. Para receber sua próxima pista faça um vídeo do melhor ângulo desse local constando um pouco sobre ele.”
Descobrimos que era o Edifício Martinelli, que é um importante prédio para a cidade de São Paulo, Brasil. Situa-se no triângulo formado pela rua São Bento, avenida São João e rua Libero Badaró, no centro da capital paulista. Com 105 metros de altura e 30 pavimentos, foi considerado o arranha-céu mais alto da América Latina, o maior do país entre 1934 e 1947. Em seguida, fomos almoçar na churrascaria Bovinus Fast Grill, e em seguida fomos na doceria Casa Mathilde. Depois, seguimos para o teatro “HYGIENE”, uma peça ao ar livre onde os próprios alunos interagiam com o elenco, que era formado pelo Grupo XIX de Teatro e de lá seguimos de volta para a Móbile.

Dora e um dos atores do elenco do Grupo XIX de Teatro.
-Lí Garcia